Perguntas frequentes
Consideram-se 2 grandes grupos de alopécias:
Não Cicatricial: Neste grupo estão 95% das alopécias. A principal característica é que os folículos não são lesados de forma irreversível (pelo menos em fase inicial do problema). A mais frequente é a calvície comum (alopécia androgenética), que basicamente é uma herança (é determinada pelo nosso património genético) e que afecta igualmente homens e mulheres.
Outra que a maioria da população conhece, é a alopécia areata. A forma clínica mais comum é a existência de peladas (áreas circunscritas sem cabelo) e é determinada por um fenómeno de auto-imunidade, para o qual concorrem vários factores mas sem dúvida o factor genético é o mais importante. A perda de cabelo mais associada à quimioterapia, a doenças sistémicas, a infecções como a sífilis e à carência de determinados nutrientes também constituem alopécias não cicatriciais. A característica comum é que não existe destruição do folículo, e nesta medida a perda de cabelo é potencialmente recuperável com o tratamento adequado (que é muito diferente consoante o tipo de problema que provoca a alopécia).
Cicatricial: São mais raras (5% das alopécias). A falta de cabelo foi provocada por um processo que levou a perda irreversível do folículo (fábrica celular que produz o cabelo). O motivo pode ser uma agressão – traumatismo, infeção, radioterapia, cirurgia, etc – ou uma doença que afectou a pele do couro cabeludo. No último caso dizemos que a alopécia cicatricial é primária.
A alopécia cicatricial primária mais frequente é a a alopécia fibrosante frontal, na qual são características a perda de sobrancelha e o recuo progressivo da linha de implantação frontal do cabelo. O líquen plano pilar, lúpus eritematoso discóide, foliculite decalvante, celulite dissecante, alopécia central centrífuga e alopécia traccional são outros exemplos. Cada uma destas doenças tem um tratamento específico que deve ser iniciado o antes possível, já que a perda do cabelo é, habitualmente, irreversível.
É a mais frequente causa de falta de cabelo (alopécia). É determinada geneticamente (muitos genes e vários cromossomas implicados). Incide sobretudo na parte de cima do couro cabeludo, poupando mais as áreas de trás e de lado (isto deve-se a diferentes receptores hormonais nos cabelos dessas áreas), e afecta homens e mulheres, embora de forma diversa.
A calvície não é sempre inevitável para quem padece este problema. Tem sentido tratá-la na medida em que constitui uma preocupação para a maioria das pessoas já que pode alterar negativamente a auto-imagem. Existem três níveis de intervenção:
1 – Médico/Tópico – Actualmente não existe dúvida de que o mais eficaz produto aplicado directamente no couro cabeludo é o medicamento minoxidil. Pensa-se que atua provocando maior divisão celular nas células dos folículos o que levaria a um engrossamento dos fios mais finos e um prolongamento da duração do ciclo do cabelo. Finasterida e Dutasterida existem também já em formulações tópicas em alguns países.
2 – Médico/Sistémico – A administração de Finasteride (comprimidos) por via oral, de modo a bloquear a acção da hormona masculina no folículo piloso, constitui, em muitos casos, uma ajuda preciosa. Sabe-se hoje que a dose eficaz na mulher é bastante mais alta que a dose eficaz no homem, embora na maior parte dos países a administração a mulheres não esteja ainda regulamentada. Minoxidil por via oral é muito boa opção, isolado ou associado a finasterida. O excesso de pêlo fora do couro cabeludo e a hipotensão arterial, efeitos adversos que são dose-dependentes, obrigam a uso criterioso. Outros medicamentos, como dutasterida, flutamida, bicalutamida, espironolactona e acetato de ciproterona também podem ser pontualmente úteis mas sempre sob orientação do dermatologista.
3 – Cirúrgico – Transplante de cabelo: Consiste em remover fábricas de cabelo (folículos) das áreas não afectadas pelo problema (de lado e atrás), e implantá-los sob a forma de pequeníssimos pedaços de pele (microenxertos) na área mais afetada pela falta. O cabelo implantado, por possuir receptores hormonais diferentes, não se perde com o passar dos anos.
A técnica actual consiste em implantar folículo a folículo, o que permite aparência natural. Este método é moroso e envolve um trabalho de equipa entre médicos e técnicos. A densidade de cabelo que se obtém é limitada, mas habitualmente é suficiente para obter um ganho significativo na aparência. 4 – Outros tratamentos: alguns trabalhos mostram melhoras com injeção de fatores plaquetários (PRP), Lasers, estimulação mecânica (micro-agulhamento) e mesoterapia com finasterida, dutasterida e minoxidil. Estes tratamentos são muito dispendiosos e provocam melhora mínimas comparada à obtida com o tratamento farmacológico convencional. Devem reservar-se ao paciente que já efectua tratamento farmacológico correto e que se pode dar ao luxo de dispensar uns milhares de euros para
melhorar um pouco o resultado.
São muitas as causas para nos cair mais cabelo durante um determinado período: estarmos mais preocupados ou cansados, o parto, alimentação desequilibrada, medicamentos, cirurgias, etc. No entanto, existe uma maior queda de cabelo fisiológica (não doença) em relação com alterações climáticas. Setenta por cento das pessoas têm um aumento do número de cabelos que caem durante os meses do fim de verão ou início de Outono. Esta variação é mais facilmente detetada em pessoas com cabelo comprido (daí que normalmente as mulheres se apercebam mais).
O crescimento e a queda do cabelo (que dependem das variações do ciclo em cada folículo) dependem da variação da luz solar. A hipófise deteta essa variação e altera os níveis de melatonina e prolactina produzidos e isto reflete-se no ciclo capilar, que é empurrado para a fase final (telogen) e tem como consequência 3 meses mais tarde maior queda de cabelo.
Se a queda de cabelo persistir num nível acima do que é o seu habitual consulte um médico dermatologista para se excluir doença. Existem diversos tratamentos para a queda de cabelo, mas devem ser indicados de acordo o problema encontrado.
A alopécia areata é uma doença auto-imune. O nosso sistema de defesa ataca as fábricas que produzem o cabelo (folículos) e deve-se a uma predisposição genética, embora possam existir factores desencadeantes (ansiedade, infecções, etc). Um maior risco de padecer a doença está associado a história familiar de doenças auto-imunes (alopécia areata ou outras). Não existe atualmente forma de prevenção, mesmo nos casos em que conhecemos um elevado risco familiar. Os tratamentos têm dois principais mecanismos: O primeiro consiste em reduzir o excesso de auto-imunidade com medicamentos com acção anti-flamatória e/ou anti-proliferativa como corticosteróides (o medicamento de uso mais corrente), ciclosporina, metotrexato, etc, com medicamentos que interrompem a via inflamatória de forma mais selectiva (por exemplo, os anti-JAK), ou com maior exposição à luz ultra-violeta (reduz a imunidade na pele). O segundo mecanismo consiste em provocar localmente na pele afectada uma irritação – as células do sistema imune são atraídas por esta última e “largam” os folículos. A tricoscopia (visão do couro cabeludo em aumento) tem um papel muito importante na escolha do tratamento já que nos revela a fase em que está a doença e a sua agressividade.
Sim. O stress pode ter impacto no ciclo capilar, fazendo com que com que caia, momentaneamente, mais cabelo. Habitualmente cerca de 5-10% de cabelos estão em fase de cair (telogen). Se esse número subir para valores acima de 15% notaremos muito mais queda.
É importante referir que a queda estará diferida em 3 meses do estímulo de stress que lhe deu origem, e também que não conduz a calvície no longo prazo, já que corresponde a uma renovação mais rápida do cabelo em cada folículo (fábrica celular que produz os cabelos) e não a perda de cabelo.
A consulta de cabelo (ou de tricologia) é efectuada por um dermatologista – a tricologia não é uma especialidade médica, mas antes uma sub-especialidade da dermatologia. Este ponto é importante porque existem médicos que se dizem “tricologistas” que não são dermatologistas.
Equivale a alguém dizer que é “médico dos ouvidos” sem ser otorrinolaringologista. É impossível compreender as doenças que afectam o couro cabeludo e que podem ter impacto no cabelo sem conhecer os processos que afectam a pele. A consulta de tricologia tem algumas técnicas próprias, como a tricoscopia, que é obrigatória (visualização do couro cabeludo e dos cabelos em aumento), o tricograma e o fototricograma quando necessários (permitem avaliar o diâmetro do cabelo e a fase em que se encontra cada folículo). Ao diagnóstico chega-se pela história, observação e pelas técnicas referidas no conjunto. Quando não é conclusivo efectuamos uma biopsia da pele do couro cabeludo para elucidar qual o processo em causa.
Lavar mais vezes aumenta a queda – Lavar com mais frequência o cabelo não aumenta a queda. Existem estudos que comparam, na mesma pessoa, o número de cabelos que caem em número e em peso – lavando a cabeça três vezes por dia ou uma vez por semana e o número é idêntico.
Cortar o cabelo torna-o mais forte – Cortar mais vezes o cabelo não o torna mais forte. A ilusão de que os cabelos ficam mais fortes deve-se a dois factos: o cabelo mais curto, porque menos pesado, não encosta tanto ao couro cabeludo, criando uma ilusão de volume. Por outro lado, muitas vezes o que se corta são pontas partidas e espigadas. O cabelo que fica, mais regular, dá sensação de mais densidade. O cabelo é uma estrutura acelular. Só o componente dentro da pele (folículo) é vivo e pode responder a estímulos.
Gel e amaciador aumentam queda – O uso de gel ou de amaciador não faz cair mais o cabelo. Champôs são o principal tratamento das doenças do cabelo – Na maioria das doenças do cabelo, a capacidade dos champôs em ajudar é limitada. Basicamente, conseguem retirar mais ou menos sebo ao cabelo e ajudam a controlar a descamação. Assim, embora na estética do cabelo joguem um papel importante, nas doenças do cabelo têm um papel secundário. Nas doenças do cabelo o principal desafio é disputado na pele e não na haste pilosa (cabelo), pelo que emulsões, loções e medicação oral são, habitualmente, de maior utilidade.
Secadores e tintas fazem mal – O uso frequente de secadores comuns não é prejudicial, excepto se o secador é usado diretamente no cabelo muito molhado. Nesse caso, podem ser destruídas pontes entre átomos de enxofre que são responsáveis pela forma do cabelo (mais liso ou mais ondulado). Também pintar o cabelo uma vez por mês ou menos não o danifica. O principal problema com as tintas é a alergia de contacto, que é individual.
Este produto é bom para o cabelo – O produto “bom para o cabelo” não existe, tal como não existe um produto panaceia para todos os problemas do coração ou dos ossos. Os produtos usados terão que variar consoante o problema subjacente. Uso de Boné conduz a alopécia: não tem qualquer suporte científico.
Fotomodulação: Desde os anos 60 sabe-se que a estimulação com Laser da pele de ratinhos poderia provocar engrossamento e crescimento do pêlo. Os tratamentos de fotomodulação são conhecidos pelo termo incorrecto de Low Level Laser Therapy (LLLT). É incorrecto porque outras fontes de luz não Laser (LED, por exemplo) podem ter este efeito de bioestimulação sobre o folículo (fábrica celular que produz o cabelo) e porque o termo Low (baixo) é muito vago. Pensa-se que o principal mecanismo de actuação seria a estimulação das células pluripotenciais do folículo (stem cells), o que levaria a engrossamento e entrada do folículo em anagen (fase proliferativa do ciclo capilar). Este efeito tem sido utilizado na alopécia androgenética (calvície comum) e na alopecia areata (doença auto-imune que provoca alopécia). A maioria dos ensaios clínicos controlados (13 em 16) encontraram uma melhora
estatisticamente significativa dos pacientes quando comparados com controlos. Como são necessários tratamentos muito repetidos no tempo e mantidos, o mais prático é a utilização em casa de capacetes ou pentes que emitem a radiação que provoca o efeito terapêutico. Na prática clínica diária têm um papel reduzido porque as melhorias, embora documentadas, são mínimas quando comparadas com as obtidas com medicamentos (finasterida, minoxidil, etc) e sobretudo atendendo ao dinheiro e tempo dispendidos. Pode ser entendido como um tratamento complementar, apenas no caso do paciente que não está limitado em recursos e em tempo e que quer acrescentar uns pozinhos (nunca uma diferença significativa) à melhoria obtida com tratamentos convencionais.
Estimulação mecânica: Este tipo de estimulação – micro-agulhamento (Microneedling) faz-se com agulhas finas integradas em dispositivos diversos – dermapen, rolers, etc – ou com uma simples agulha. O princípio é de que alguns factores libertados durante o processo reparador da agressão mecânica provocada pela agulha teriam efeito benéfico sobre as células pluripotenciais do folículo e induziriam anagen. Infelizmente, há muito poucos estudos em monoterapia (medicação única do paciente) contra placebo. Tem como principal vantagem ser simples e não necessitar aparelhos caros para efectuar o tratamento. Representa algum risco de infecção (múltiplas portas de entrada), carece de anestesia para não ser muito desconfortável para o paciente e obriga a repetições no tempo do tratamento. As melhoras obtidas são mínimas, e não deve ser encarado como um tratamento complementar de rotina.
Pode combinar-se com tratamento farmacológico tópico com o objectivo de melhorar a penetração do fármaco (ex: seguido de aplicação de minoxidil), combinando assim o efeito mecânico ao efeito farmacológico.
Mesoterapia – Do grego antigo mesos (“médio”) y therapeia (“terapia”), chamado assim porque o nível em que as substâncias são injetadas é o sub-cutâneo e portanto derivado da mesoderme embrionária. Praticada há quase 70 anos, consiste em tratar as zonas afectadas com micro-injeções de medicamentos, vitaminas, minerais, aminoácidos, etc. Existem trabalhos válidos que mostram melhorias documentadas em ensaios controlados de mesoterapia na alopécia androgenética apenas com 2 substâncias – minoxidil e anti-androgénicos (finasterida, dutasterida). No entanto, o uso destes medicamentos em mesoterapia torna o tratamento absurdamente caro comparativamente à aplicação tópica (minoxidil) ou toma por via oral (minoxidil e anti-androgénios). O efeito Google de supostos
efeitos adversos frequentes com os anti-androgénios têm tornado o uso destes medicamentos sob a forma de mesoterapia cada vez mais frequente. Podemos dizer que será uma forma de tratamento alternativo para quem não deseja a toma de medicamentos e possa efectuar este tratamento, que é mais invasivo e mais dispendioso.
Plasma rico em plaquetas – Consiste em obter sangue do doente (15 a 20ml), centrifugá-lo, e obter uma fracção do plasma que é rica em factores de crescimento existentes nas plaquetas.A administração faz-se em muitos pontos da área do couro cabeludo a tratar, de preferência após anestesia e com uma agulha de mesoterapia (muito fina). Estes factores têm um efeito benéfico sobre as células pluripotenciais do folículo (stem cells) e induzem anagen, o que se traduziria em cabelo mais grosso e menos queda de cabelo. São tratamentos em que a maioria dos estudos mostrou efeito contra placebo (melhora de espessura e densidade) e existem até trabalhos que comparam metade do couro cabeludo tratada com a não tratada. Apesar desta evidência, as melhoras na prática clínica são muito ligeiras quando usado isoladamente. Obriga a tratamentos periódicos. Existe alguma dissociação entre a satisfação do paciente (muita) e a melhora que o dermatologista objectiva (pouca). Isto pode dever-se ao facto de o paciente considerar uma melhora o facto de estar a cair menos cabelo, o que no longo prazo é irrelevante. O dermatologista avalia sobretudo diâmetro dos cabelos e densidade, o que justifica a disparidade na percepção doente/médico. De forma geral, podemos dizer que pode funcionar como tratamento complementar nos pacientes com alopécia androgenética,
alopécia areata e deflúvio telógeno. Podemos considera-lo um óleo da máquina folicular e nunca deve substituir-se ao tratamento principal (farmacológico). É um tratamento muito caro no longo prazo, sobretudo se atendermos ao fraco resultado se comparado com o tratamento farmacológico e com transplante de cabelo.
Tratamento com Stem Cells (Células pluripotenciais) – Estas células, indiferenciadas, podem originar vários tipos celulares diferentes. Quando se dividem, podem originar novas células indiferenciadas ou tornar-se em diferentes tipos celulares. No folículo capilar há duas populações, no bulge e no bulbo (parte mais profunda do folículo). Há várias modalidades possíveis:
1. Obter estas células por biopsia da pele do couro cabeludo, processá-las mecanicamente e injectar numa parte do couro cabeludo. A principal limitação é que obtemos apenas umas poucas centenas de células.
2. Usar stem cells mas não do folículo: obtidas por aspiração do tecido adiposo, da medula óssea ou do cordão umbilical. Permite obter largos milhares de células e tratar áreas maiores do couro cabeludo.
3. Obtenção de stem cells foliculares por biopsia, isolamento e multiplicação celular em laboratório para posterior injecção de milhões de células.
4. Como em 3, mas construindo-se a partir das células multiplicadas um folículo em laboratório, que é posteriormente implantado no couro cabeludo. Os dois primeiros já se praticam, com melhoras de espessura e densidade na área injectada de cerca de 20% e custando alguns milhares de euros. O terceiro já foi praticado mas com maus resultados. O quarto será o futuro, mas parece ainda estar longe. Em resumo, podemos dizer que são tratamentos em fase experimental, muito caros, mas que no futuro podem ter uma utilidade clínica evidente, já que na quarta modalidade se poderia obter número de cabelos infinito a partir de uma única biopsia de pele do couro cabeludo.
Na alopécia androgenética o tratamento médico pode ser muito eficaz quando existe ainda um razoável número de folículos (fábricas que produzem cada cabelo) por centímetro quadrado, o que sucede em fases iniciais. Para os restantes casos, ou complementarmente, encontraram-se formas de resolver cirurgicamente o problema. Os primeiros transplantes para minorar a alopecia androgenética efetuaram-se há meio século sob a forma de “tufos” de cabelo em enxertos de pele relativamente grandes (aspeto em cabelo de boneca).
Desde há quinze anos a técnica que realizamos consiste em implantar unidades foliculares. Retiramos fábricas celulares de cabelo – folículos – de áreas nas quais o folículo não é afetado pela calvície (área dadora) e implantamos estes folículos na área carente de cabelo.
Existem duas formas principais de fazer a colheita: sob a forma de uma fina tira de pele – Follicular Unit Transplant (FUT) ou retirando folículo a folículo – Follicular Unit Extraction (FUE). Nesta única, os folículos são retirados um a um com um cilindro oco cortante. O FUE pode ser manual, motorizado (usa pequeno motor que faz rotação no cilindro oco, ou robotizado (atualmente ainda com várias limitações). Principais problemas do FUE: reduz a densidade atrás e habitualmente obriga a rapar toda a área de trás. Os principais problemas da técnica FUT são a cicatriz linear, o facto de não permitir seleccionar os folículos com mais cabelos (3 e 4) e a necessidade de grande skill cirúrgico do operador. As duas técnicas são úteis e complementam-se bem, seja na mesma sessão ou alternadas no tempo com anos de intervalo.
Para implantar, realizam-se micro-orifícios na área em que queremos melhorar a densidade de cabelo e introduzem-se os folículos contendo um, dois, três ou quatro cabelos em cada orifício.
Pré e Pós Transplante:
Uma história clínica cuidada é fundamental. Doenças como diabetes, hipertensão e discrasias hemorrágicas deverão estar controladas.
O paciente deve ter comido antes da intervenção. Pode ser administrado um tranquilizante e canalizar-se uma via por segurança (para administração intra-venosa de um medicamento se necessário). A intervenção dura em média 4 a 6 horas (FUT) ou um dia inteiro (FUE) e o doente vai para casa. É prudente medicar com antibiótico e analgésico (pode existir dor ligeira 3 dias).
Os efeitos adversos comuns são um inchaço nas pálpebras que ocorre entre o 2º e 5º dia pós transplante e pequeníssimas crostas que se notam no local de cada folículo implantado durante 8 dias. A partir do 2º dia o paciente pode e deve lavar a zona implantada, embora exercendo pouca pressão nas primeiras lavagens.
O cabelo transplantado cai entre o 1º e 3º mês. Reaparece entre 3º e 5º mês, dura toda a vida, e tem um aspecto natural. Ao fim de um ano já é possível avaliar o resultado.
É importante a espetativa ser adaptada à realidade. Uma sessão de transplante melhora muito a densidade mas nunca permitirá a densidade de cabelo normal, já que redistribuímos cabelo de uma área pequena para uma bastante maior. O resultado é tanto melhor quanto maior a
espessura do cabelo, a densidade da área dadora e, sobretudo, quanto maior o número de folículos com 3 e 4 cabelos. Quanto mais precoce se efectuar a intervenção menos impacto terá na imagem (o máximo impacto ocorrerá numa fase em que já não existam cabelos na área receptora). A técnica é particularmente interessante na mulher, em que habitualmente não há áreas totalmente despovoadas, e na qual o reforço da área dos 5-8 cm anteriores pode ter um efeito magnífico. Nos homens deve sempre explicar-se a provável necessidade de sessões futuras à medida que evoluir a alopécia androgenética.
O transplante de cabelo também permite corrigir as cicatrizes determinadas por doenças inflamatórias do couro cabeludo (desde que a doença não esteja ativa), por traumatismos, por tumores, por intervenções cirúrgicas, por radioterapia, etc.
Finalmente, pode-se implantar em outras zonas que não o couro cabeludo. É frequente fazermo-lo na área das sobrancelhas (escolhendo-se para tal cabelos da área supra-auricular). Neste subtipo de transplante o ponto crucial para um bom resultado é a inclinação que damos aos folículos (mimetizando a natural).
Desvantagens de uma sessão grande de transplante (acima de 2000 folículos): O maior tempo de cirurgia acarreta menor sobrevivência dos enxertos; Maior quantidade de anestésico, com consequente maior risco de arritmias; Mais edema pós-operatório; Maior risco de complicações; Comprometimento da possibilidade de futuras sessões para adaptar a evolução da alopécia androgenética no futuro, seja por diminuição de elasticidade (se transplante FUT) ou por diminuição da densidade na área dadora (se transplante FUT). Grande alteração da imagem do paciente. A principal vantagem destas sessões grandes é permitir tratar uma área grande em apenas um procedimento, o que comercialmente é tentador – maior diferença pré/pós transplante – e permite menor tempo de interrupção laboral, desportivo e social.
Se se tratar da área da coroa, pode-se trabalhar de imediato e socialmente não há impedimentos. Se se tratar da área frontal, o edema palpebral e as micro-crostas na área implantada condicionam socialmente durante 6 dias, embora não impeçam de trabalhar. Pode-se lavar a cabeça logo no dia seguinte à intervenção. Deve evitar-se exercício físico intenso pelo menos 10 dias.
O resultado de um transplante em couro cabeludo sem doença é sempre eficaz e duradouro, já que os folículos implantados têm programação genética que evita o fenómeno de miniaturização, que é o que conduz á calvície. É, no entanto, necessário, ter uma espectativa adequada, na medida em que estamos a transplantar apenas centenas ou poucos milhares de folículos e a parte de cima da cabeça de uma pessoa sem calvície tem cerca de 70.000.
Em toda a sessão de transplante a maioria do cabelo transplantado cai nos meses seguintes (não os folículos implantados) . A partir do 4º ou 5º mês reaparece e é para sempre, a menos
que exista no futuro algum dano destrutivo do folículo (traumatismo, radiação, quimioterapia, doença cicatricial do couro cabeludo, etc).
O nosso cabelo cresce, em média, 0,3mm/dia. Como o cabelo transplantado que caiu reaparece ao 5º mês, um anos após o transplante os cabelos poderão ter um comprimento médio de 6 cm. Claro que isto é variável de pessoa para pessoa, mas podemos dizer que a um ano já existe, habitualmente, um bom resultado. Alguns pacientes têm alguns folículos mais “preguiçosos” e têm ainda melhora significativa até 2 anos após o procedimento.
Todas as semanas desaconselho pacientes de fazer transplante devido a má zona dadora (sei que lhes farão o transplante em outras clínicas, mas ficarão sempre insatisfeitos). Em toda a cirurgia a ponderação do benefício relativamente ao risco e ao custo deve ser efectuada, de forma ética, pelo cirurgião.
Não há transplantes sem cicatrizes. O transplante FUE deixa centenas ou milhares de micro-cicatrizes circulares em toda a área em que foi efectuada a colheita. O transplante FUT deixa cicatriz linear muito pouco visível devido à técnica de sutura tricofítica, que permite o irromper de cabelos através da própria cicatriz. Quer uma técnica, quer outra, se bem efectuadas, permitem que as cicatrizes na área dadora não se notem.
Um dermatologista ou um cirurgião plástico com formação adequada e com experiência a fazê-lo (deve efectuar no mínimo 2 procedimentos por semana para poder ter uma equipa treinada).
Alguns tratamentos em cremes para acne podem causar irritação na pele É um efeito habitual, particularmente no início do tratamento. É provável que a pele vá conseguindo tolerar melhor o tratamento ao longo do tempo. Se surgir irritação, existem formas de tentar contornar esta situação. Pode ser ponderado reduzir a quantidade de produto aplicado ou reduzir a frequência da aplicação (por exemplo, passar a noites alternadas em vez de aplicar todas as noites). Outra possibilidade é utilizar um creme hidratante nas áreas em que a irritação surgiu por forma a tentar controlar a mesma.
A sensação de ardor ou irritação com estes dois medicamentos tópicos pode acontecer em algumas pessoas. Muitas vezes é um efeito transitório que pode deixar de acontecer à medida que a pele vá conseguindo tolerar melhor o tratamento ao longo do tempo. Pode ser ponderado aplicar menor quantidade de produto ou reduzir a frequência da aplicação por forma a contornar esta situação.
São situações que podem ocorrer com esse tratamento. É conveniente ter um creme hidratante que possa utilizar na face para compensar a secura originada e a aplicação pode ser realizada de forma mais regular. Para os lábios, a aplicação de bálsamo labial ou vaselina em pomada deve ser incentivada (quer ao deitar, quer ao longo do dia, conforme necessário). Secura na mucosa nasal ou pequenas hemorragias podem ser controladas também com aplicação de vaselina em pomada ao deitar.
São situações que podem ocorrer com esse tratamento. É conveniente ter um creme hidratante que possa utilizar na face para compensar a secura originada e a aplicação pode ser realizada de forma mais regular. Para os lábios, a aplicação de bálsamo labial ou vaselina em pomada deve ser incentivada (quer ao deitar, quer ao longo do dia, conforme necessário). Secura na mucosa nasal ou pequenas hemorragias podem ser controladas também com aplicação de vaselina em pomada ao deitar.
São situações que podem acontecer com esse tratamento. A toma de metotrexato é semanal (apenas 1 dia da semana). Se existir desconforto gástrico, a toma dos comprimidos pode ser dividida (tomar metade de manhã, com alimento no estômago, após o pequeno-almoço ou almoço e a outra metade à noite, com alimento no estômago, após o jantar). Caso este problema persista, é conveniente discuti-lo com o médico dermatologista na próxima consulta.
A exposição excessiva ao sol é particularmente agressiva na infância e adolescência. Por um lado, a pele das crianças é mais clara do que a dos adultos porque não foi ainda suficientemente estimulada pela radiação solar. Por outros, os sinais de alarme (vermelhidão, sensação de queimadura) são também sub-valorizados pelas crianças. Estudos vários evidenciam que o risco de melanoma maligno está associado à ocorrência de episódios repetidos de queimadura solar durante os primeiros 18 anos de vida. Tendo em
conta que as crianças estão normalmente mais expostas ao sol que os adultos e que uma grande parte da exposição solar cumulativa ao longo da vida ocorre nos primeiros 18 anos, a protecção solar adequada terá impacto significativo na redução do risco de cancro de pele na vida adulta.
O hemangioma infantil é o tumor benigno mais comum da infância, surge nos primeiros dias a semanas de vida e tem uma evolução característica, com crescimento rápido e estabilização no primeiro ano e involução espontânea mais lenta. Manifesta-se como uma mancha avermelhada ou azulada semelhante a hematoma, que cresce muito rapidamente ao longo das semanas seguintes, tornando-se elevada sobre a pele. O diâmetro pode variar de poucos milímetros a vários centímetros (por exemplo, a extensão total de um membro).
Dependendo da profundidade do tumor, a cor pode ser vermelho vivo como a de um morango ou framboesa (hemangiomas superficiais) ou cor da pele a azulado (hemangiomas profundos). O desenvolvimento rápido é motivo frequente de preocupação para os pais. Deve ser sempre avaliado por especialista com experiência neste tipo de lesões, de forma a definir a melhor conduta e prevenir possíveis complicações.
O eczema atópico (ou dermite atópica) é uma doença inflamatória crónica que se pode manifestar nos primeiros meses de vida. Embora em muitos casos haja uma melhoria progressiva ao longo da infância, pode progredir durante a adolescência e vida adulta. Um controle precoce e eficaz pode reduzir a duração da doença e melhorar muito a qualidade de vida da criança. Os tratamentos locais com corticoides em creme ou pomada, associados a hidratantes que restauram a barreira cutânea e cremes anti-inflamatórios, são a primeira linha de tratamento da inflamação. Se usados segundo prescrição médica individualizada são seguros e eficazes.
Há várias causas possíveis de manchas brancas (hipopigmentação) na infância. O vitiligo (caracterizado por manchas completamente despigmentadas) surge muitas vezes na infância mas é excepcional nos primeiros anos de vida. Nessa faixa etária, manchas claras podem ser apenas “sinais inocentes” ou ter diversas causas: genéticas, inflamatórias, infecciosas… Em primeiro lugar, há que distinguir entre ausência total de pigmento da pele (despigmentação) ou redução do pigmento (hipopigmentação), o que pode ser feito utilizando uma lâmpada especial, a lâmpada de Wood. Manchas hipopigmentadas podem ser a primeira manifestação de diferentes síndromes genéticos complexos, em que são afectados
diferentes orgãos. Um diagnóstico precoce é fundamental para a adopção precoce de medidas preventivas e terapêuticas. Também é importante diagnosticar e tratar precocemente doenças inflamatórias, de forma a evitar a disseminação e evolução para a cronicidade.
A dermatose plantar juvenile é um tipo de eczema frequente na infância e adolescência que é confundida frequentemente com infecção por fungos. Localiza-se normalmente na parte anterior das plantas dos pés e está associada a traumatismo local (fricção) e sudação excessiva. Ocorre de forma episódica, com vermelhidão, aspecto brilhante e “ferido” da pele, com descamação fina. Se não tratada de forma adequada, tende a persistir por vários anos.
A sigla LASER corresponde às iniciais de Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation. Através da amplificação da luz por emissão estimulada de radiação é acumulada uma enorme quantidade de energia (fotões) que vai ser libertada sobre a forma de um feixe de luz de alta intensidade.
Consoante as características técnicas dos diferentes equipamentos estes vão emitir radiação com determinados comprimentos de onda e diferentes níveis de intensidade. O comprimento de onda vai determinar a afinidade para os 3 principais cromóforos (moléculas que vão absorver a energia) da pele: a hemoglobina, a melanina e a água. A afinidade para os cromóforos, associada à intensidade da energia e capacidade de penetração da radiação na pele vão determinar os seus efeitos terapêuticos e aplicação clínica. A duração do impulso vai determinar o tipo de efeito a nível da pele: fotoquímico, fototérmico, fotomecânico ou foto-ablativo.
Os Lasers têm muitas indicações, sendo que cada equipamento terá indicações e vantagens específicas. Algumas das indicações são: lesões pigmentadas como lentigos, efélides e melasma, lesões vasculares (telangiectasias, angiomas, rosácea), poiquilodermia de Civatte, rejuvenescimento cutâneo (rugas, firmeza, melhoria da textura, poros dilatados), destruição de lesões cutâneas como nevos intradérmicos ou queratoses seborreicas, cicatrizes/marcas de acne, tratamento de cicatrizes cirúrgicas ou traumáticas, estrias…
A melhor altura para fazer os tratamentos é durante os meses de menor intensidade solar. A exposição solar está associada a maior risco de complicações como a hiperpigmentação pós-inflamatória. A exposição solar deve também ser evitada no período pré-tratamento pois uma pele mais pigmentada/bronzeada pode alterar a forma como a energia vai interagir com a pele, podendo reduzir a eficácia terapêutica ao mesmo tempo que aumenta o risco de complicações.
Se os cuidados com a exposição solar forem rigorosos, alguns tipos de laser podem ser utilizados durante o verão.
Dependendo do tipo de laser e de tratamento realizado a recuperação vai ser mais ou menos demorada, mas, por norma, a pessoa pode trabalhar nos dias seguintes. O laser fracionado não ablativo utilizado para o rejuvenescimento ou tratamento de cicatrizes, ao poupar a epiderme, permite uma recuperação rápida e não obriga a evicção social e laboral. O resurfacing com laser CO2 obriga a um período de permanência em casa que vai variar de acordo com a intensidade do tratamento.
A diferença entre um IPL e um Laser é principalmente física. O laser emite uma luz monocromática de apenas um comprimento de onda enquanto a luz pulsada emite um espectro de luz. Através da utilização de filtros ou da gestão dos parâmetros vai ser possível tratar lesões pigmentadas, lesões vasculares (telangiectasias, rosácea, angiomas) ou estimular a produção de novo colagénio.
Algumas contra-indicações absolutas ou relativas para a realização de tratamentos LASER ou IPL são história de fotossensibilidade, doenças de pele agravadas ou desencadeadas pela exposição solar, toma de medicamentos fotossensibilizantes, fármacos que atrasam a cicatrização, entre outros. Antes do tratamento é realizada uma avaliação global pelo dermatologista.
Sim, há um protocolo terapêutico que combina a luz pulsada (IPL) e o laser fracionado não ablativo e que visa atuar simultaneamente nas manchas provocadas pelo sol, nas lesões vasculares superficiais e no rejuvenescimento facial. De forma a maximizar a segurança é possível medir o nível de pigmentação da pele antes de iniciar o tratamento.
Cada sessão tem uma duração de cerca de 30 minutos e, além dos cuidados com a exposição solar pós tratamento, não obriga a evicção social. Geralmente estão indicadas 3 a 4 sessões com cerca de 1 mês de intervalo. Uma primeira passagem é realizada com o IPL e visa tratar as manchas e lesões vasculares superficiais. Na segunda passagem, o laser fracionado vai estimular a produção de colagénio e elastina em profundidade, resultando na melhoria das linhas de expressão, rugas, cicatrizes e outras imperfeições da pele.
Sim, é necessária uma consulta antes de realizar o tratamento de forma a que o dermatologista possa fazer a avaliação clínica global, determinar qual o melhor tratamento, discutir resultados esperados e possíveis complicações.
A energia emitida por estes equipamentos vai atuar através da interação com os diferentes cromóforos da pele e assim induzir processos biológicos complexos. Esta resposta vai depender de vários factores, como por exemplo os parâmetros utilizados, o tipo de lesão a tratar e características individuais da pessoa como o fototipo.